Leila Diniz

LEILA DINIZ, MULHER, ATRIZ, SÍMBOLO.
(memória, depoimento, homenagem)

"Toda mulher é meio LEILA DINIZ" (Rita Lee / música "Todas as Mulheres do Mundo", 1993).



Em 25 de março de 1945 nasceu LEILA DINIZ, mulher e atriz que representou todas as mulheres do mundo. Um cometa de luz que passou, muito breve, iluminando o cinema, o teatro, a tv, os costumes. Um modo transgressor de pensar e agir de uma mulher, musa inspiradora dos anos 60.
Sua memória segue comigo por um fato que marcou o início de minha vida profissional, dolorido, tenso, emocionante.
Em 14 de junho de 1972, data de morte de LEILA, iniciava meu estágio, como estudante de jornalismo da ECO/UFRJ, no telejornal da TV RIO, já sediada em Ipanema, no lugar do antigo Panorama Palace Hotel e do restaurante Quincas Berro D'Água.
Foi lá que comecei a aprender jornalismo de TV, com os locutores Hilton Gomes e Ronaldo Rosas, com os repórteres Hilton Abi-Rihan e Erika Franziska, o redator Eloy Santos, o editor Moacyr Fernandes, o diretor de jornalismo Moacyr Arêas. Tantos anos depois, lembro de todos eles, com Eloy, Erika e Ronaldo voltei a trabalhar outras vezes, vida afora.
Em 14 de junho de 1972 morreu LEILA DINIZ. O avião em que viajava caiu na Índia, onde tinha ido participar de um festival de cinema.
Cheguei por volta das 11h no segundo dia de estágio, logo depois chegou a notícia aterradora. Fui imediatamente encarregado de produzir a matéria, que seria a principal do telejornal. Saí com o carro da emissora e o fraterno e experiente cinegrafista Feição, com sua câmera Auricom, colhendo imagens, entrevistas, conversas, histórias, depoimentos, levantando fotos e cenas de suas novelas e seus filmes.
LEILA posava muito e era muito fotografada por jornais e revistas, que se alimentavam das polêmicas da mulher livre, surpreendente, libertária. Levou o jornal O PASQUIM a um novo patamar com sua histórica entrevista em 1969, em plena ditadura militar, onde desfilou palavrões, confissões de sua intimidade e ideias avançadas para uma mulher em sua época. 
Participou de várias novelas da Globo, como "O Sheik de Agadir" (1966), "Eu Compro essa Mulher" (1966), "Anastácia, a Mulher sem Destino" (1967). Filmou com vários cineastas, atuando em 15 filmes. Com Domingos de Oliveira, um dos seus maridos, o clássico "Todas as Mulheres do Mundo" (1967) e "Edu Coração de Ouro" (1968), com Roberto Santos, "O Homem Nu" (1968), com Nelson Pereira dos Santos, "Fome de Amor" (1968) e "Azyllo Muito Louco" (1970), com Reginaldo Farias, "Os Paqueras" (1969), com Luiz Carlos Lacerda, "Mãos Vazias", (1971), com Paulo César Saraceni, "Amor, Carnaval e Sonhos" (1972).
Em 1970, foi a vedete principal, em plumas e paetê, do emblemático espetáculo "Tem Banana na Banda", no Cine Teatro Poeira Ipanema, ao lado de Ana Maria Magalhães, Norma Suely e Tânia Scher, na revista musical baseada em textos de Millôr Fernandes, Vianinha e Luiz Carlos Maciel.
Naquela noite de 14 de junho de 1972, no ar no telejornal da TV RIO, como matéria final, a reportagem que passei o dia produzindo. Naquela noite, na tela da TV, a despedida e a homenagem à LEILA DINIZ. Essa história levo comigo. 
LEILA, mulher, atriz e símbolo, que não conheci, ficou impressa no meu imaginário e dele não saiu mais.

Comentários

  1. Muito boas lembranças. Obrigado, amigo. Leila deixou marcas em todos que a conheceram e tiveram a felicidade de conviver com ela.

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    1. Obrigado pelo comentário Luiz Fernando, imagino como deve ter sido inspirador conviver com ela

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