Luis Buñuel

BUÑUEL, 120 ANOS

Data para celebrar Luis Buñuel, um artista e seu cinema estético, poético, filosófico, político. O cineasta surrealista espanhol que nos entregou obras primas, O Cão Andaluz, A Idade de Ouro, Os Esquecidos, Viridiana, O Anjo Exterminador, O Diário de Uma Camareira, A Bela da Tarde, A Via Láctea ou O Estranho Caminho de São Tiago, Tristana, O Discreto Charme da Burguesia, O Fantasma da Liberdade, Esse Obscuro Objeto do Desejo.

Inúmeras as sequências antológicas de sua escritura cinematográfica, ousada, crítica, inquietante. Alguns destaques: O primeiríssimo plano, entre elipses e metáforas, de um olho / lua sendo cortado por uma lâmina de uma navalha / nuvem (Um Cão Andaluz, 1928 / co-autoria Salvador Dali); A profana e violenta cena do banquete dos mendigos, ao som do Aleluia de Händel, na paródia à Santa Ceia (Viridiana / Palma de Ouro de Cannes, 1961); A dialética da repetição de mesmas cenas, de uma classe burguesa encurralada numa mansão de portas abertas, da qual não consegue sair ou escapar (O Anjo Exterminador / 1962); As cenas eróticas num bordel, taras e fantasias de uma burguesa insatisfeita, entre o sonho e o real (A Bela da Tarde / Leão de Ouro de Veneza, 1967); As cenas de sarcasmo e absurdo sobre um grupo de burgueses que não consegue um lugar para jantar, entre discussões sobre religião, política e corrupção (O Discreto Charme da Burguesia / Oscar de Filme Estrangeiro, 1972).

Foi contemporâneo de uma nata artística, alguns deles surrealistas, em Paris, como Pablo Picasso, René Magritte, Man Ray, Salvador Dali, Jean Cocteau, Max Ernst, André Breton.

Para Jean-Claude Carrière, seu roteirista fiel e constante, amigo e parceiro por mais de 20 Anos, Buñuel equivale a Goya e a Picasso, artistas maiores da alma hispânica.

Diz ainda: "Para qualquer romancista, poeta, cineasta, pintor ou filósofo, chega um momento em que é inevitável se confrontar Buñuel".

Fez seu cinema na Espanha, na Franca, no México, combateu a religião católica em muitos dos seus filmes, e por ela foi censurado e proibido inúmeras vezes.

Singular, onírico, ácido, rebelde, libertário, maldito para muitos. Autor de um cinema complexo, elaborado, intelectual, sempre na defesa intransigente da liberdade.

Salve Mestre Buñuel, nos seus 120 anos de vida e arte cinematográfica.