Noites de Cabíria

NOITES DE CABÍRIA E GIULIETTA


No ano do centenário de Federico Fellini, vale destacar mais uma de suas obras primas, Noites de Cabíria, com a atuação magistral de Giulietta Masina, uma atriz que foi junto com Marcello Mastroianni o alter ego de Fellini em sua obra. A presença de Giulietta nos filmes do maestro são momentos de rara poesia, encanto e brilho de uma atriz magnífica, na cena entre a comédia e o drama.
Mulheres e Luzes (1951), Abismo de um Sonho (1952), A Estrada da Vida (1954), A Trapaça (1955), Noites de Cabíria (1957), Julieta dos Espíritos (1965), Anotações de um Diretor (1969), Ginger e Fred (1986), são seus filmes na régia de Fellini. Mas foi dirigida por outros italianos, em Paisá (Rosselini, 1946), Sem Piedade (Lattuada, 1948), Camariera, Bella Presença (Pàstina, 1951), Persiane Chiuse (Comencini, 1951), Europa 51 (Rosselini, 1952), Ai Margini della Metropoli (Lizzane, 1953), Fortunella (De Fillippo, 1958), Inferno na Cidade (Castellani, 1959) Você é a Favor ou Contra o Divórcio? (Sordi, 1966).
Noites de Cabíria, segundo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de Fellini e Palma de Ouro de Melhor Atriz de Cannes para Giulietta, é um dos clássicos remanescentes do espírito do movimento do neorrealismo italiano, nele a crônica sobre os desvalidos, a clara proposta do reerguer-se após a queda, um drama sobre o fracasso e a esperança. Pier Paolo Pasolini é um dos roteiristas do filme, na elaboração de uma história sobre o cotidiano dos marginalizados e excluídos nas ruas de Roma.
Fellini mergulha mais uma vez na miséria da alma, na construção do personagem ingênuo, terno e trágico, no seu cinema nomeado por ele como a arte de iludir.
Os anseios e desilusões de Cabíria constróem uma personagem tragicômica, que em alguns momentos nos lembra passos e expressões de Chaplin. Giulietta, Fellini, a assinatura musical de Nino Rota, um time imbatível, com um elenco que também traz Franca Marzi como a grande amiga, também prostituta, Amedeo Nazzari, como o ator famoso que a convida para a boite e jantar em sua casa, e François Périer, como o namorado, na parte final do filme, com quem imagina transformar sua vida, ser amada, ser feliz.
A sonhadora e romântica prostituta Cabíria, com sua fantasia, seu sorriso e suas lágrimas, nos comove na sua alegria, sua dor e sua força, como o eterno arlequim do cinema clownesco de Federico Fellini. Entre o mundo real e o faz de conta.

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