Casablanca 75 anos
CASABLANCA 75 ANOS
75 anos do lançamento do clássico Casablanca. Realizado em 1942, filme que mescla romance, aventura e suspense policial, com um pé no melodrama, com alguns clichês, como o recorrente triângulo amoroso e os inevitáveis flash blacks de tempos felizes, mas com um roteiro que ousa na sequencia final ao fugir do happy end, além da magnífica atuação dos protagonistas e da câmera.
Bogart e Bergman fazem cenas de amor e ódio sem mover um
músculo da face. Interagem os dois entre si e com a câmera, o que resulta numa demonstração notável sobre o significado do close no cinema. O diretor, Michael Curtiz, sensualiza rostos
e faces dos amantes com a maestria dos ousados closes.
Bergman não era atriz de gestos largos e super
interpretação. Ao contrário, era minimalista, sem nem saber, talvez, sobre esse
conceito. Isabella, sua filha, em depoimento num documentário sobre sua
carreira (dela, Isabella), diz que o principal conselho da mãe para a então filha jovem
atriz era sempre: não represente. Dizia ainda que Bergman ensinava a ela que a
interpretação tinha que ser a mais leve e neutra possível. Pra permitir que a
direção, a fotografia, o figurino e a música “levassem” a personagem,
concorrendo para sua composição. Depoimento que surpreendeu a muitos, sendo La
Bergman a estrela e deusa poderosa de Hollywood que foi. Uma atriz dotada de uma inteligência
cênica a favor do conjunto dos elementos de expressão da arte do cinema.
Bergman e Bogart, mestres da magia e do mistério do rosto indecifrável da persona cinematográfica.
Casablanca, viagem inesquecível!
Casablanca, viagem inesquecível!
ResponderExcluirComentário recebido por e-mail do prof. Delfim Afonso Jr. da UFMG:
Teclei no teu blogspot mas não deu pra publicar o seguinte neste dia
20/11:
Ora viva, Dermeval! Vamos às metragens deste blogspot (blog spot!).
Não represente - Ingrid antes e depois de Rosselini. Com quem dividiu a
experiência de fazer cinema com não atores e em busca de outros
registros para a abordagem da vida tal como pode ser apreendida e
reinventada. Quanto a Casablanca - o filme, resulta de um mix curioso da
linha de montagem de Hollywood (5 autores da narrativa/roteiro) com
atores que não se encontra a qualquer momento (H. Bogart, Ingrid
Bergman, S. Greenstreet, Peter Lorre, Claude Rains, Conrad Veidt).
Bogart e Bergman indagavam durante as filmagens como fariam determinada
cena que acabava de ser escrita e impressa. M. Curtiz, o diretor, também
não tinha muito como saber o que dizer pois ele também não detinha a
certeza de como a narrativa ia evoluir. Apesar do sucesso do filme, não
entra naquelas listas, feitas por críticos e cineastas, entre os
melhores da história do cinema. Enquanto isso, o público não esqueceu o
filme que continua vivo até agora. Por Delfim Afonso Jr.
Salve Delfim!
ResponderExcluirTem quer ter g-mail pra poder interagir aqui no blog. O que é uma restrição lamentável.
Ótimo comentário em torno de Casablanca e Bergman + Rosselini. Vale dizer que o encontro dos dois resultou em uma experiência importante do cinema ficcional que buscou se aproximar da linguagem documental. Sabe-se que ela teve dificuldades como atriz de estúdio nesse encontro com atores sociais e roteiros abertos de Rosselini, numa transição entre difetentes modos de interpretação e construção de histórias.
Mas Bergman já trazia o modo sueco (Garbo tb um pouco) de representação, o de uma entrega absolutamente controlada. Mesmo antes de Rosselini, tanto em Casablanca, como em Notorious e Spellbound, Bergman mostra seu rosto em contornos de luz e mistério, pedindo pra ser decifrada, seja por Bogart, Cary Grant ou Gregory Peck, e por todos diante da tela. Persona meio que intangível, sempre abaixo da linha de representação dos demais, a deixar sempre a dúvida sobre para onde vai seu personagem na trama que se desenrola. Uma atriz de método, além da beleza incomparável.
ResponderExcluirRecebi por e-mail o comentário do compositor Renato Rocha.
Valeu Renato!
Parabéns pela iniciativa. Colaboro com um comentário a respeito da trilha musical, a cargo do veterano austríaco Max Steiner. Parece que as únicas indicações do Curtis eram para que ele fizesse vinhetas com a Marseillaise – o que deu no famoso duelo entre o hino alemão e o francês (tem no youtube) – e usasse velhas músicas da Broadway. Foi aí que o Steiner vasculhou partituras de antigos musicais e escolheu algumas canções de autores conhecidos, como Cole Porter e Van Heusen, e uma canção que passou em branco, com letra e música de um cara chamado Herman Hupfeld, que compunha pouquíssimo, nunca fez sucesso e havia abandonado a Broadway: As Time Goes By.
Renato Rocha.