Dib Lutfi

MESTRE DIB 

Em setembro o mago Dib Lutfi faria 84 anos. Um mestre e um poeta da imagem, um dos olhares que imprimiram o melhor cinema brasileiro, câmera na mão que não teve quem fizesse melhor, no movimento, no plano-sequência, no enquadramento, na fotografia, ritmo, estilo, precisão. Filmava com técnica, intuição, brilho, sentimento. Como ser humano, pessoa inesquecível, um companheiro de grandes papos, risadas e tacadas certeiras de sinuca. No quadro da câmara e no feltro verde, um craque, insuperável. Uma questão de mira. 

Trabalhamos juntos uma boa temporada na TVE, alguns bons anos, quando lá fui superintendente na década de 1990. Ele, que começou na TV Rio em meados dos anos 1950, ficou responsável por formar cinegrafistas e iluminadores, introduzir um conceito de direção de fotografia. Fez na época a fotografia e a câmera do especial "Uma Professora Muito Maluquinha" e da série "A Turma do Pererê", originais de Ziraldo, para a TVE. Com ele realizei uma série de programas em homenagem ao centenário de Humberto Mauro, em 1997. Lembranças, memórias, histórias e imagens que parecem não terem ainda terminado. Fui me despedir dele em 2016, quando resolveu nos deixar. 

Sua herança no cinema, a escola que formou, a linguagem que criou, os filmes que filmou, são eternos. Filmou e fotografou com Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Ruy Guerra, Arnaldo Jabôr, Maurice Capovilla, Walter Lima Jr., Cacá Diegues, Sérgio Ricardo (seu querido irmão), Roberto Farias, Silvio Tendler, Domingos de Oliveira, entre outros. "Os Herdeiros", "Terra em Transe", "Fome de Amor", "Azyllo Muito Louco", "Como Era Gostoso Meu Francês", "A Noite do Espantalho", "Quando o Carnaval Chegar", "A Lira do Delírio", "Edu Coração de Ouro", "Joana Francesa", "O Casamento", "Tudo Bem", "Os Condenados", "Os Deuse e os Mortos", "Pra Frente Brasil", entre muitos, têm a marca DIB. Premiado uma série de vezes, no Festival de Brasília, pelo Instituto Nacional de Cinema, pelo Prêmio ABC de Cinematografia. 

Dib Lutfi foi um dos principais gênios inventores da estética do Cinema Novo brasileiro. Movimentos livres e inventivos, a câmera como uma extensão de seu corpo, sua linguagem um elemento essencial da ação dramática. O lema "Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça", sem Dib não seria o mesmo. Todas as homenagens!

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