Rosa e Momo / Inspire, Expire

CINEMA, DESPROTECÃO E AFETO


Com exibição na Netflix, "Rosa e Momo" (La Vita Davanti a Sé / 2020), remake do filme protagonizado por Simone Signoret, nos anos 1970, "Madame Rosa — A Vida à sua Frente", que recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro, ambos inspirados em romance do escritor Roman Gary. Na adaptação para o novo filme, a atualização por conta do tema refugiados e estranhamento cultural.

Sophia Loren é Rosa, ex-prostituta, judia, que cuida e ampara filhos de prostitutas, e vai se envolver com o menino Momo, refugiado senegalês, duro e rebelde. Atriz nos seus 86 anos, há mais de 10 anos fora das telas, sob as lentes de seu filho Edoardo Ponti, com sua leveza, seu carisma, sua plenitude, sua marca e sua forte persona. 

Bem problematizado o universo infantil da carência e da desprotecão, um filme sobre amarguras e afetos. Os clichês, quanto aos conflitos nos sentimentos e sua resolução, não comprometem a força e o brilho do filme. Na linha do melodrama, nem tão profundo, nem tão raso, emociona e é bom de ver. A herança neo-realista sempre presente no bom cinema italiano.

Ainda na Netflix o filme "Inspire, Respire", produção Rússia/Islândia, 2018, de uma cinematografia pouco exibida por aqui, com boa carreira nos festivais de cinema pelo mundo. Também com o foco na questão da imigração e dos refugiados, do seu trânsito incerto e arriscado pelo mundo, e também com o protagonismo feminino. História onde se cruzam e se conectam duas personagens, Lara e Adja, uma islandesa e uma africana. De origens e identidades opostas, vão influir e modificar, cada uma delas, a vida da outra. Angústias, ambientes inóspitos, sufocamento psicológico, busca do alívio, inspire, respire... Com mais densidade e contextualização política, um filme também sobre a desproteção, o risco e os afetos. 

Filmes sobre escolhas, com mensagem sobre a questão humanitária e sobre a solidariedade. Tema e valor de absoluta relevância nos dias atuais.

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