Cinema e Negritude

NEGRITUDE NO CINEMA AMERICANO, PEQUENA ANTOLOGIA.


A diversidade étnica tem sido contemplada nas produções norte-americanas, com filmes que expressam e discutem questões sobre temas raciais e de identidade e cultura negras. Um avanço lento mas já significativo, roteiristas, diretores e atores negros fazem o cinema contar histórias antes excluídas, interditadas.

Neste Oscar 2021, a destacar o brilho de "The USA vs Billie Holiday", filme do diretor Lee Daniels sobre as lutas, dores e perdas da estrela negra do jazz Lady Day, interpretada magistralmente pela atriz e cantora Andra Day, merecedora do prêmio de melhor atriz, que não ganhou. Daniels já realizou outros filmes sobre temas de identidade negra, como "Preciosa — Uma História de Esperança" (2009) e "O Mordomo na Casa Branca" (2013).
Neste Oscar 2021 três outros filmes, com indicações em algumas categorias, trazem a presença forte do negro e da questão racial na história e cultura do país, "Judas e o Messias Negro" de Shaka King, "Destacamento Blood" de Spike Lee e "A Voz Suprema do Blues" de George C. Wolfe. Nos dois últimos, a presenca marcante do jovem ator negro Chadwick Boseman, recentemente falecido. Também o brilho dos atores negros Daniel Caluuya, Delroy Lindo e Viola Davis, com interpretações viscerais, nos respectivos filmes.
De seus diretores, Spike Lee, já uma celebridade de Hollywood, foi autor de obras notáveis sobre a inclusão de histórias e personagens negros nas telas, como "Faça a Coisa Certa" (1989), "Mais e Melhores Blues" (1990), "Febre da Selva" (1991), "Malcolm X" (1992), "A Hora do Show" (2000), "Infiltrados na Klan" (2018), entre muitos outros. George C. Wolfe dirigiu antes "A Vida Imortal de Henrietta Lacks" (2017), baseado no livro de Rebecca Skloot. 
Além destes, nos últimos 20 anos alguns filmes norte-americanos trataram temas da negritude e da questão racial, varios deles com destaques e prêmios. Entre outros, "Duelo de Titans" (Boaz Yakin / 2001), "Hotel Ruanda" (Terry George / 2004), "Escritores da Liberdade" (Richard LaGravenese / 2007), "Invictus" (Clint Eastwood / 2009), "Histórias Cruzadas" (Tate Taylor / 2011), "Django Livre" (Quentin Tarantino / 2012), "12 Anos de Escravidão" (Steve McQueen / 2013), "Selma: Uma Luta pela Igualdade" (Ava DuVernay / 2014), "Race" (Stephen Hopkins / 2016), "Estrelas Além do Tempo" (Theodore Melfy / 2017), "Moonlight" (Barry Jenkins / 2017), "Corra" (Jordan Peele / 2018), "Pantera Negra" (Ryan Coogler / 2018), "Green Book, o Guia" (Peter Farrelly / 2019).
Filmes documentários recentes também mergulharam nessa temática, "Libertem Angela Davis" (Shola Lynch / 2012), "Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução" (Stanley Nelson Jr. / 2015), "What Happened, Miss Simone?" (Liz Garbus / 2015), "Eu Não Sou Seu Negro" (Raoul Peck / 2016), "A 13a Emenda" (Ava DuVernay / 2016), "Strong Island" (Yance Ford / 2017), "Um Crime Americano" (Daniel Lindsay / 2017).
Vale lembrar filmes dos anos 80 sobre o racismo, alguns já clássicos como "Na Época do Ragtime" (Milos Forman / 1981), "A Côr Púrpura" (Steven Spielberg / 1985), "Um Grito de Liberdade" (Richard Attemborough / 1987), "Mississípi em Chamas" (Alan Parker / 1988), "Conduzindo Miss Dayse" (Bruce Beresford / 1989). Nos anos 90, "A Outra História Americana" (Tony Kaye / 1998), "Amistad" (Steven Spielberg / 1998) e "Hurricane, o Furacão" (Norman Jewison / 1999). Sobre o mito Muhammad Ali, os destaques para os documentários "Quando Éramos Reis" (Leon Gast / 1996) e "Eu Sou Ali" (Clare Lewins / 2014).
Voltando atrás na memória, os eternos filmes com o ator Sidney Poitier, "O Sol Tornará Brilhar" (Daniel Petrie / 1961), "Uma Voz nas Sombras" (Ralph Nelson / 1963), "Ao Mestre com Carinho" (James Clavell / 1967), "Advinhe Quem Vem Para Jantar" (Stanley Kramer / 1967), "No Calor da Noite" (Norman Jewison / 1967).
E por último, indo ao início, o clássico dos clássicos "O Sol é Para Todos", com Gregory Peck (Robert Mulligan / 1962), baseado no romance de Harper Lee, prêmio Pulitzer de 1960, considerado o primeiro filme abertamente sobre e contra o racismo produzido nos USA.
Negritude e questão racial no cinema americano, uma pequena antologia.

Comentários

Postagens mais visitadas