Dennis Hopper

DENNIS HOPPER, SEM DESTINO



Hopper, o enfant terrible ou o marcado bad boy do cinema norte-americano nasceu em um 17 de maio e nos deixou em um 29 de maio, há 10 anos. Sua carreira, entre sucessos e atropelos, atravessou grandes clássicos do cinema.
Estreou com um pequeno papel em "Johnny Guitar" (1954), prestigiado western estrelado por Joan Crawford, filme de Nicholas Ray. No ano seguinte contracenou com o maior ídolo jovem da época, James Dean, no eterno "Juventude Transviada" (Rebel Without a Cause, 1955), um marco sobre a rebeldia e o inconformismo de uma juventude, libelo contundente sobre a complexidade de uma geração, dirigido pelo mesmo Nicholas Ray, com a bela Nathalie Wood também no elenco.
Hopper e Dean voltariam a se cruzar em "Assim Caminha a Humanidade" (Giant, 1956) de George Stevens, último filme de James Dean, romance e drama ao redor do poder dos magnatas texanos do petróleo, ao lado de Elizabeth Taylor e Rock Hudson.
Após "Caçada Humana" (From Hell to Texas, 1958) western de Henry Hathaway, quando Hopper entrou em conflito com o diretor, tornou-se uma persona non grata em Hollywood, por seu comportamento instável, agressivo. Passou muitos anos em filmes B, em tentativas de reconquistar seu lugar. E foi com o próprio Hathaway, através do apoio do astro John Wayne a Hopper, que o ator voltou a participar em uma grande produção de Hollywood, o western épico "Bravura Indômita" (True Grit, 1969).
Também no fim da década de 60 participou da safra dos psicodélicos, como "Viagem ao Mundo da Alucinação" (The Trip, 1967) de Roger Corman, que o tornaria um ídolo entre os adeptos da cultura flower power.
Foi para esse público que Hopper dirigiu seu primeiro filme, "Sem Destino" (Easy Rider, 1969) que tornou-se um clássico, um road movie alucinado de motos pela estrada, atuando junto com Peter Fonda e com a participação de Jack Nicholson pelas veias e artérias de um Estados Unidos nas vésperas das descobertas sobre a dura realidade da Guerra do Vietnã. Retrato de uma época e de uma geração transgressora — sexo, movimento hippie, drogas e rock'n roll, filme que mudou formatos de produção em Hollywood, arrecadou milhões nas bilheterias mundiais, até hoje um grande ícone para a geração dos anos 60 e da contracultura.
"Sem Destino" ergueu Hopper ao status de cineasta promissor, o que lhe permitiu realizar, em 1971, o documentário autobiográfico "American Dreamer".
Teve seus melhores e marcantes papéis posteriores dirigido por mestres. Francis Ford Coppola em "O Selvagem da Motocicleta" (Rumble Fish, 1973) com Mickey Rourke e Matt Dillon. Wim Wenders em "O Amigo Americano" (The American Friend, 1977) com Bruno Ganz. Novamente Coppola no também clássico "Apocalypse Now" (1979) com Marlon Brando e Martin Sheen. E David Lynch em "Veludo Azul" (Blue Velvet, 1986) com Isabella Rossellini.
Em 1988 dirigiu "As Cores da Violência" (Collors) sobre a violência das gangues de rua de Los Angeles, brutalidade, adrenalina e confronto racial, com Sean Penn e Robert Duvall, um dos seus últimos trabalhos na direção de filmes.
Na década de 90 encarnou terríveis vilões em vários filmes de ação, como "Velocidade Máxima" (Speed, 1994) de Jan de Bont e "Waterworld — O Segredo das Águas" (Waterworld, 1995) de Kevin Reynolds, sempre roubando a cena na figura do oposto do herói, tais as brilhantes composições que sempre deu a seus personagens.
Dennis Hopper, ator e diretor polêmico, mais de uma centena de filmes, persona de grande impulso e carisma, sempre colado à imagem de rebelde e inconformista, mais antagonista do que protagonista, emblemático e indomável na vida real e nas telas, representativo da conhecida frase "a vida imita a arte".

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