Memórias da Dor

CINEMA DE MEMÓRIA, AMOR E DOR.

Filme Memórias da Dor, La Douleur, França / Bélgica / Suiça, 2017, adaptação de conto de Margueritte Duras, pré-indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019.
Margueritte Duras e sua relação com o cinema. Escreveu o roteiro do clássico de Alan Resnais, Hiroshima Mon Amour (1959), e com romance adaptado para o filme de Jean-Jacques Annaud, O Amante (1992).
Em Memórias da Dor, ela própria é retratada. O diretor Emmanuel Finkiel adapta para a tela seu conto auto biográfico O Amor. Transposição literária que utiliza a narração off em primeira pessoa da jovem personagem Margueritte.
França ocupada pelos nazistas, fim da guerra, 1944 e 1945, drama político e psicológico, a espera angustiante da mulher pela libertação do marido prisioneiro de campo de concentração, ambos integrantes da Resistência francesa.
No decorrer da história, Margueritte vaga pelas ruas, esquinas e cafés de uma Paris cinzenta, caótica e conturbada, com locações cenografadas com adequação perfeita ao período histórico do enredo. Tem encontros furtivos e inseguros com um ambíguo oficial da Gestapo apaixonado por livros e que oferece pistas controversas sobre o prisioneiro. Também é mostrada, em suas dúvidas e medos, na solidão de sua casa e nas reuniões escuras e clandestinas, entre silêncios, cumplicidades e planos, junto aos companheiros da resistência.
Cinema introspectivo e de formato ousado, unindo Marguerittes no passado e no presente, Marguerittes, a que observa e é observada.
Narrativa não-linear que sobrepõe tempos de espera diversos, que se alternam, se sucedem.
E opera com textos em planos diversos. O narrado, que dá voz ao pensamento, imaginação e memória da personagem, e o falado, na cena vivida, no presente visceral e dilacerado, da agonia lenta da espera.
Mélanie Thierry, atriz no papel da jovem Margaritte, rosto expressivo nos planos fechados, frieza, ansiedade e angústia nos olhos, voz e palavras, distanciamentos e delírios, consciência e perda, em trabalho impactante.
Memórias da Dor, filme de atmosferas e esperas, de notícias sobre a vida ou a morte. Entre trevas e luz, entre a beleza e a tortura, tensão, poesia e esperança.
Para quem ama com paixão cinema e literatura, filmes e livros.

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