Otto Preminger

CLÁSSICOS DE PREMINGER



Otto Preminger, um dos mestres do cinema nascidos em dezembro (5.12.1905), foi um dos austríacos de origem judia que migraram para Hollywood, fugindo do nazismo, e renovaram e inovaram no cinema dos USA, a partir dos anos 1940, tornando-se dos seus mais importantes diretores.
Alguns destaques de Preminger:
"Laura", de 1944, com Gene Tierney e Dana Andrews, que trouxe a marcante canção título, de David Raksin, thriller de investigação criminal e sedução, um dos maiores clássicos do fim noir norte-americano. 
Com a estrela e sex-symbol Marilyn Monroe, "O Rio das Almas Perdidas" (River of no Return/1954), também protagonizado por Robert Mitchum, um romance de aventura, na linha western, onde Marilyn, na personagem de uma cantora de saloon, numa espécie de acampamento/entreposto de mineiros no Velho Oeste, nos brinda, na sua voz pequena e doce, com canções e sensualidade na medida certa. 
"Carmen Jones", de 1954, filme no estilo drama musical, baseado na ópera "Carmen", de Georges Bizet, e adaptado de peça de sucesso na Broadway,  destacou seu elenco de atores negros, protagonizado por Dorothy Dandridge e Harry Belafonte, com a história tendo como fundo a 2a Guerra Mundial.
"O Homem do Braço de Ouro" (The Man with the Golden Arm/ 1955) drama intenso, claustrofóbico, sobre o vício nas drogas, um tabu ainda na época, traz Frank Sinatra numa de suas mais  expressivas atuações no cinema, compartilhando com Kim Novak e Eleonor Parker.
"Santa Joana" (Saint Joan/1957), Jean Seberg na pele e armadura da lendaria Joana D'Arc, jovem camponesa com 17 anos alçada à condição de mulher guerreira, depois martirizada como bruxa, queimada na fogueira da inquisição. Baseado na peça de Bernard Shaw, uma das suas versões, na idealização da heroína ingênua, busca  tratar críticamente o papel da religião na História.
"Bom dia, tristeza" (Bonjour Tristesse/1958), baseado no romance best-seller de Françoise Sagan, clássico ambientado na Riviera Francesa, trama de amores, intrigas, contestação juvenil, com David Niven, Jean Seberg, Débora Kerr, Mylène Demongeot e Juliette Gréco.
"Anatomia de um crime" (Anatomy of a Murder/1959), drama clássico de tribunal, enredo de assassinato e mistério, com James Stewart e Lee Remick. Ousado thriller que, no pós macartismo, trata do crime de estupro e da fragilidade da verdade na Corte americana, infringe o código Hayes, de regras rígidas de auto censura. Ousado também o grafismo da abertura, de Saul Bass.
"Exodus", de 1960, drama épico sobre a formação de Israel, a viagem de navio de milhares de judeus sobreviventes do Holocausto em direção a Palestina. Estrelado pelo astro Paul Newman, com Eva Marie Saint, Sal Mineo e Lee J. Cobb. Baseado em Leon Uris, com roteiro de Dalton Trumbo.
"O Fator Humano" (The Human Factor/1979) foi seu último filme, seu movimento final, thriller, suspense, ambientado na Guerra Fria, baseado em Graham Greene, que inverte a premissa das narrativas de espionagem, com a procura do espião sendo vista e contada pelo próprio personagem. Desconstrói um pouco a política, realça conflitos pessoais, e torna a figura do traidor simpática ao espectador, daí o fator humano.
Otto Preminger, mestre diferenciado em Holywood, dirigiu e produziu cerca de 40 filmes, alternou projetos de estúdio e pessoais. 
Um dos craques na adoção e uso do cinemascope nos anos 1950, junto com Nicholas Ray e George Cukor. Sobre seu formato dizia que, apesar de tornar o trabalho mais complicado, permitia ao expectador o contato com maior número de informações, mais espaço e uma liberdade maior para o olhar.
Um cinema de rigor estético e que, eclético, percorreu todos os gêneros, imprimiu a marca de qualidade nos seus principais filmes.
Há pouca bibliografia sobre Preminger em português, sua melhor entrevista está no livro de Peter Bogdanovich, "Afinal, quem faz Filmes?" (Companhia das Letras/2000).

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