Morricone

ENNIO MORRICONE, MÚSICA E IMAGEM


Música na imagem do cinema, planos que se fundem, misturam, impregnam, se tornam corpo e alma, matéria e espírito. Alquimia.
Por um Punhado de Dólares, Por Uns Dólares a Mais, Três Homens em Conflito, A Batalha de Argel, Queimada, Teorema, Era Uma Vez no Oeste, Era Uma Vez na América, Decameron, A Classe Operária Vai ao Paraíso, Sacco e Vanzetti, Giordano Bruno, Novecento, Cinzas no Paraíso, A Missão, La Luna, Os Intocáveis, Busca Frenética, Ata-me, Bugsy, Cinema Paradiso, Baaria, Os Oito Odiados.... filmes, parcerias. 
Leone, Pontecorvo, Pasolini, Petri, Montaldo, Bertolucci, Mallick, Joffé, De Palma, Polanski, Almodóvar, Levinson, Tornatore, Tarantino... diretores, coautores.
Sua música foi por vezes periférica, dando a cor e o tom das imagens. Em outras foi o centro, seu êxtase e potência. Há filmes em que sua música parece arquitetar cenas e sequências. Compôs para vários gêneros.
Nos westerns de Sérgio Leone, Ennio compunha as trilhas antes das filmagens, Leone as tocava muitas vezes no set para que os atores representassem ouvindo seus temas. Na edição final, Leone estendia muitas vezes as cenas para a conclusão das músicas. A trilha de assobio e guitarra elétrica marcantes em Por Um Punhado de Dólares (1964) quebrou paradigmas, por sua originalidade. A flauta e a gaita, melancólicas, de Era Uma Vez no Oeste (1968), com a presença mágica e dramática de Claudia Cardinale, estarão para sempre nos ouvidos de todos os amantes do cinema.
Em Os Intocáveis (1987), de Brian De Palma, a sinfonia de trompetes dá o tom do thriller, cria a atmosfera do submundo do crime da máfia de Capone.
Em Cinema Paradiso (1988), a primeira parceria com Giuseppe Tornatore, o amor pelo cinema e entre seus personagens tem a delicadeza e o intimismo de somente piano e orquestra de cordas.
Em Os Oito Odiados (2015), Tarantino pela primeira vez usou trilha sonora original em seus filmes. E foi com este trabalho que Morricone levou seu primeiro e único Oscar para casa.
Música e imagem entrelaçados, feitos em sintonia um para o outro, imprimem no sentimento e na memória. Quando lembramos das imagens dos filmes, as notas, os sons, os acordes, os arranjos, as melodias de Morricone, ressoam. Violinos, cellos, trompetes, oboés, flautas, guitarras, gaitas, coros e assobios, cenas e personagens impossíveis sem eles.
Ennio Morricone nos deixa aos 91 anos.
Arrivederci, Maestro!

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